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Adequar-se aos padrões pode custar sua saúde! Psiquiatra alerta para 10 transtornos alimentares mais comuns

A psiquiatra Dra. Maria Francisca falou sobre os 10 transtornos alimentares que atingem 1% da população mundial

Especialista listou os principais transtornos alimentares que acometem mulheres jovens em todo o mundo – Pexels

Mudanças no comportamento alimentar, preocupação excessiva com o corpo, os Transtornos Alimentares (TAs) são quadros emocionais em que a pessoa apresenta uma alteração na sua relação com a comida e a forma como se enxerga.

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No próximo dia 02 de junho é o Dia Mundial de Conscientização sobre os Transtornos Alimentares. Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro, a data não é sobre problematizar o que comer, mas alertar aos que sofrem com algum transtorno que isso não precisa ser um segredo.

“Informar e conscientizar não criam problemas, mas possibilitam que esses gatilhos emocionais não sejam escondidos ou mesmo barreiras que o impeça de obter autoconhecimento e conseguir chegar ao tratamento certo”, explica a médica que é Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/UFRJ e atua como Psiquiatra especializada na área de Transtornos Alimentares e Obesidade.

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Estima-se que a prevalência aproximada mundial dos TAs seja em torno de 1% da população, e o principal grupo acometido é composto por mulheres jovens. Devido ao alto impacto que estes quadros causam na vida de quem sofre com a relação com a comida não se pode negligenciar este tipo de comportamento.

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A seguir, Dra. Maria Francisca lista os 10 principais Transtornos Alimentares para que você aprenda a identificá-los e saiba quando é hora de procurar ajuda de um especialista. Confira:

1. Anorexia nervosa

Dentro dos quadros psiquiátricos, a anorexia é o que tem maior letalidade, já que se configura por um emagrecimento que pode levar à morte.

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Acontece principalmente em meninas jovens, entre 13 e 15 anos, mas também pode ocorrer posteriormente em outras fases da vida. Também, tem-se reportado dados para que se tenha maior atenção com o público LGBT, que pode ser considerada uma população com maior vulnerabilidade, devido à preocupação em relação aos padrões físicos, culto ao corpo e excelente forma física. 

Caracteriza-se por um pensamento de que você precisa perder peso, já que a comida se torna uma ameaça. Ao longo da evolução da doença ficar sem comer é o principal objetivo de vida. Neste caminho de adoecimento, alguns podem inicialmente avaliar que a pessoa está extremamente “focada”, conseguindo seguir uma “dieta” e isto ser fortemente incentivado por familiares e pelo meio social.

Em sua maioria, pessoas que sofrem com a anorexia nervosa não percebem o problema e é preciso que as que estão ao seu entorno consigam a conduzir para uma ajuda especializada.

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É importante que a sociedade aprenda a não incentivar dietas e a cultura de um padrão de corpo, ou mesmo associar que o valor está em ser magro. Famílias precisam ficar atentas quando jovens mudam suas escolhas alimentares, as restringindo cada vez mais, ou assumindo uma rigidez que os impede de ter outros interesses além de comida, corpo e prática de exercícios para perder “o que comeu”.

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2. Bulimia

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A bulimia não é somente aquilo já tão propagado de quem vomita depois que come. Na realidade, os quadros bulímicos por serem mais sutis, podem passar anos até que a pessoa busque ajuda.

Se caracteriza por ataques solitários à comida, seguidos de um intenso sofrimento e para minimizar aquilo que se descontrolaram ingerindo, realizam algo. Dentro destes comportamentos compensatórios ou purgativos, o ataque de comida podem estar o vômito, o uso de medicamentos diuréticos ou laxativos, realizar jejuns e mesmo exercícios.

Vale ressaltar que a pessoa sofre por anos se julgando por sua aparência e sempre achando que não tem valor por não conseguir ser magra o suficiente.  Em sua maior parte, abrem seus quadros de bulimia e procuram ajuda na segunda ou terceira década de vida após anos de sofrimento silencioso. Muitas destas pessoas são vítimas da indústria do emagrecimento milagroso, com um histórico de vários tratamentos feitos de forma impulsiva, com uso de métodos radicais, adeptos de spas e um alto índice de efeito sanfona.

3. Transtorno de compulsão alimentar

Diferente da bulimia, as pessoas que sofrem com esse transtorno não realizam nenhum comportamento compensatório posterior à compulsão alimentar. Grande parte procura tratamentos para emagrecer, têm um peso superior do que as pessoas com bulimia, e seu desconforto com seu corpo não é tão intenso.

Transtorno purgativo

Caracteriza-se por alterações do comportamento relacionadas a “compensar” o que foi ingerido. Nele, ocorre uma busca constante por tentar eliminar o que não conseguiu restringir ao comer. Neste quadro, a pessoa pode fazer uso de medicamentos para perder peso, ter episódios de vômitos, praticar exercício físico em exagero ou alguma forma obsessiva que prejudica a sua rotina e cause sofrimento. 

4. Síndrome do comer noturno

Neste quadro alimentar, a pessoa chega a ingerir em torno de 75% da sua ingesta calórica no período da noite. Há um relato de que ao longo do dia não tem fome, mas quando chega determinada hora da noite existe uma necessidade de comer constante, de forma exagerada.

Não há episódios de compulsão alimentar. Verifica-se dentro dos sintomas emocionais associados à depressão, baixa qualidade de sono e uma dificuldade para regularizar suas refeições ao longo do dia.

Outros quadros alimentares que ainda não são considerados diagnósticos:

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5. Adição por comida

Algumas pessoas se dizem “viciadas em comida”, como se tivessem uma busca “cega” por alguns alimentos, sem limites, e que não poderiam viver sem determinado tipo de comida. Afirmam que não conseguem se controlar mediante alguns grupos de alimentos, quando não tem acesso a eles ficam irritados ou mesmo sentem-se mal emocionalmente.

Na clínica e cientificamente, a adição por comida ainda está sendo mais bem investigada para que possa se delimitar se não é consequência de um comportamento secundário a outro diagnóstico alimentar, ou mesmo de outro quadro psiquiátrico, como a depressão.

6. Ortorexia

A Ortorexia é um termo oriundo grego que remete a um “comer correto”. Neste quadro alimentar pode ocorrer um foco demasiado da pessoa em somente se alimentar de determinados alimentos os quais acredita que são saudáveis.

Entretanto, esta rigidez pode determinar uma verdadeira obsessão por comer daquela forma e dentro daquela crença. Ainda é um termo que tem controvérsias dentro do meio acadêmico, no entanto cada vez mais é usado para configurar este tipo de comportamento alimentar.

7. Beliscamento

Consiste em comer de forma distraída pequenas porções fora das refeições planejadas ou dos lanches, com ou sem descontrole alimentar.

Este interesse se deve pelo aumento das cirurgias bariátricas ao redor do mundo e o impacto que este comer pode ter em um retorno de peso pós-cirúrgico. Alguns estudos vêm delineando que para além de um aumento de peso, este comportamento também pode ser um marcador de “mais algum” sofrimento emocional, como a depressão ou ansiedade.

8. Vigorexia

Reporta-se a um comportamento obstinado por uma busca de um corpo atlético, em que este se torna uma obsessão e limita outros interesses da vida daquela pessoa.

É usado mais para enquadrar pessoas que, além dos benefícios da saúde do exercício, passam a realiza-lo de forma obsessiva, principalmente a musculação e uso de “medicamentos associados”, em busca do que acreditam  ser o corpo perfeito. Em muitos casos chegam a colocar sua saúde em risco para poderem obter resultados que acreditam que os tornará mais felizes.

9. Drunkorexia

Termo utilizado para caracterizar um comportamento alimentar restritivo, em que a pessoa restringe o que vai comer para poder utilizar suas calorias permitidas para o consumo de álcool. Consequentemente, fica exposta a maiores riscos, como  a embriaguez e um uso nocivo do álcool.

Comportamento muito comum entre jovens com anorexia ou bulimia, em que passam a não comer para poder beber. Não constitui um diagnóstico isolado, mas pode ser um agravante dentro de outros comportamentos de risco destes quadros alimentares.

10. Fatorexia

Termo utilizado para enquadrar de forma leiga algumas pessoas que têm obesidade, mas não conseguem perceber seu tamanho corporal dentro da sua proporção real.

Tem-se uma corrente de pessoas que relatam que seria o inverso da “anorexia”, mas o relatado por quem passa por esse transtorno é que somente em algum momento você percebe que está com um tamanho maior.

Para poder avançar como uma categoria, ou agrupamento de pessoas que possivelmente sofrem com esta questão, precisa-se descrever melhor o que sofreriam e o que teriam sofrido de prejuízos. Ainda muito controverso.


Psiquiatra Maria Francisca Mauro: Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/UFRJ, Maria Francisca atua como Psiquiatra especializada na área de Transtornos Alimentares e Obesidade. Pesquisadora colaboradora no PROCIBA/HUCFF/UFRJ (Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Fraga Filho) e membro do GOTA/IPUB/UFRJ (Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares).