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Sono: a oficina de reparos dos estragos da nossa louca rotina de vida

De onde vem o nosso cansaço extremo? A falta de sono à noite? Da rotina estressante? Como, bioquimicamente, esse cansaço surge no nosso corpo? É o que explica Jamar Tejada na coluna desta semana, além de pontuar a importância de DESCANSARMOS A MENTE.

Sono: a oficina de reparos dos estragos da nossa louca rotina de vida
Sono: a oficina de reparos dos estragos da nossa louca rotina de vida – FREEPIK

Nessa loucura que estamos vivendo com nossas preocupações do dia a dia, seja com família, trabalho, amigos, saúde, relacionamentos, entre tantos outros, ligamos a tecla “ON” do nosso despertar e o descansar a mente parece se tornar um momento impossível.

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O dormir até acontece, depois de revirarmo-nos por horas na cama, por conta dessas preocupações que, por mais que não queiramos, acabamos levando junto para o nosso travesseiro. E aí, quando menos se espera, um novo dia já raiou com os mesmos problemas sentadinhos ali na beira da cama nos aguardando para darmos “start” em mais um louco dia. Não é assim? E cadê o nosso descanso, o chamado sono reparador? Seguimos o nosso dia com aquela sensação de estarmos destruídos, um cansaço extremo com nosso corpo apelando por descanso.

Entendemos que precisamos relaxar a mente para poder sair por aí dominando o mundo, mas por quê?

Com certeza você já falou ou ouviu a expressão: “- Apaguei por cansaço!”. Esse estresse do dia-a-dia vai se acumulando de tal forma que cria uma pressão homeostática que nos induz ao sono. Somos acumuladores de cansaço e o sono age como um descarregador dessa pressão que nos leva a chegar ao nível mínimo de cansaço se tivermos uma noite de bom sono – pelo menos assim deveria ser!

Todo esse cansaço tem uma explicação biológica. Não é um sentimento. O responsável por ele é o acúmulo de danos causados ao DNA dos neurônios. Durante o funcionamento normal de todas as nossas células, são produzidas reações cujos produtos podem danificar nosso DNA – os genes que nos fazem ser como somos – e o sono tem sua origem nos sinais que são ativados de forma precisa para reparar os danos produzidos no seu interior de forma natural, durante as atividades diárias. Ou seja, podemos dizer que o sono é uma oficina reparadora, sem ele, o nosso “carro” não sai da garagem.

O dormir é o reparador de todas as células do nosso corpo, não só do cérebro, mas os neurônios são os que mais sofrem com o acúmulo de danos quando estamos acordados, chegando a níveis perigosos que não podemos permitir.

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A ciência revelou que o sono desperta os sistemas de reparação do DNA, que o consertam com tanta eficiência que acordamos renovados, melhor do que nunca estivemos.

Entendendo a bioquímica do sono

Um estudo bem recente publicado em novembro de 2021 mostrou que uma das primeiras moléculas a reagir e ativar os mecanismos que nos induzem ao sono é uma proteína chamada PARP1. Essa proteína tem como missão assinalar os locais do DNA que foram danificados e convocar os sistemas adequados para repará-los. Não é surpreendente? É como se nosso corpo assinalasse com canetinha fluorescente os erros do texto e já falasse o que deve ser feito para corrigi-los.

O problema é que quando a proteína PARP1 é impedida de agir, a sensação de sono desaparece e essa inibição também faz com que não se ativem os sistemas de reparação das mutações de DNA.

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Para ler o estudo clique AQUI!

E agora, se eu lhe falar que pode não ser o cérebro o grande responsável pela qualidade do sono, mas sim os músculos?! Um outro estudo realizado pelo Centro Médico Southwestern Home da Universidade do Texas descobriu que a falta de uma proteína na composição muscular pode estar associada à insônia e seus efeitos negativos, desafiando a crença de que é o cérebro que controla todos os aspectos do sono.

Nesse estudo, no qual foram realizados testes com ratos, os cientistas americanos descobriram que aqueles com altos níveis da proteína BMAL1 nos músculos se recuperavam da privação de sono mais rapidamente. Já quando a proteína era removida, os ratos tinham o sono interrompido e dificuldade de recuperação.

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Pensando no ciclo circadiano (que já abordei em outro texto aqui da coluna) pesquisas anteriores já sugeriram que nosso organismo é guiado por um “relógio principal” que controla nosso ritmo circadiano e determina um padrão de sono. Esse relógio consiste em um grupo de células nervosas do cérebro, o núcleo supraquiasmático, localizado no hipocampo. Depois desse estudo os cientistas acreditam que é a presença da BMAL1 que regula a duração e a qualidade do sono. A diferença de níveis da proteína nos músculos, segundo eles, teve mais impacto no sono do que a presença ou a ausência da proteína no cérebro. Além disso, a carência da proteína nos músculos pode levar a uma necessidade maior em dormir por mais tempo e mais profundamente.
A privação do sono, assim como um sono de má qualidade, está fortemente associada à diversos problemas de saúde. Estudos já demonstraram que problemas cardíacos são um desses e, de acordo com um estudo realizado por José Ordovás publicado na revista do Colégio Americano de Cardiologia, um sono ruim está associado à aterosclerose em todo o corpo. O aumento da placa das placas de aterosclerose, em suas extremidades aumenta o risco de derrames, problemas digestivos e má circulação que leva a dormência e dor nas extremidades, bem como doenças cardíacas.

Para ler o estudo clique AQUI.

Um outro estudo, também publicado em 2021 pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, analisou os impactos do sono desregulado nos idosos. E mostrou que o intervalo ideal para pessoas com mais de 70 anos dormirem seria entre 6h e 9h. Quando o sono é inferior a isso, existe grande correlação entre o depósito de proteína beta-amiloide, que também surge nos pacientes com Alzheimer, e alterações nos exames neuropsicológicos e quando o sono ultrapassa esse período – com mais de 9h – não há a correlação com essa proteína, mas existe alterações nos exames neuropsicológicos.

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Enfim, a ciência nos dá a prova do por que sentimos que nosso corpo implora por descanso. Assim como sua importância, eu finalizo esse texto mudando uma frase de Balzac que diz: “Não há dor que o sono não consiga vencer”, para “Não há célula que uma boa noite de sono não possa reparar”. Bom sono!

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