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Ligue o som e descubra todo o poder que a música tem sobre a sua saúde

Na coluna desta semana, Jamar Tejada desmistifica o fato de que só as músicas clássicas relaxam o cérebro e fala sobre o poder da música para a nossa saúde

Ligue o som e descubra todo o poder que a música tem sobre a sua saúde
Ligue o som e descubra todo o poder que a música tem sobre a sua saúde – FREEPIK/ wayhomestudio

Ligue o som! Desconheço quem não goste de música!

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O som que curtimos traduz nossa imagem como indivíduos, e independente do estilo musical, faz parte do que somos e desperta em nós as mais diferentes sensações. O som molda a nossa energia, nossos sentimentos, nosso ritmo e nossa saúde, assim como embalam os nossos dias.

Pelo fato de eu ser um farmacêutico “natureba”, muitos acreditam que eu só escute músicas relaxantes, no máximo um estilo “indie” – e se enganam!

No horário de trabalho, meu cérebro parece reequilibrar quando escuto música eletrônica, talvez porque a faixa vibratória desta seja a mesma que ronda minha cabeça. Escrevo as minhas receitas farmacêuticas ao som de house music, techno, drum n’bass… Mas, também não há um único dia que eu não fique sem Chopin, Mozart ou Vivaldi. Será que é por eu ser geminiano? Vai entender!

Segundo minha mãe, quando eu era bebê, só dormia ouvindo música clássica. Aliás, é um hábito que tenho até hoje. Chego à noite em casa, enlouquecido com a correria, tomo meu banho, coloco meu fonezinho de ouvido com algum concerto de piano e parto para os braços de Orfeu.

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“A música interfere em nossa vida e no nosso corpo de várias maneiras – e isso é comprovado”

Estudos demonstram que ouvir uma música antes, durante e após um procedimento cirúrgico pode reduzir a dor pós-operatória, diminuindo, assim, a necessidade de medicação para dor.

Também já foi demonstrado que ouvir músicas instrumentais suaves ou sons da natureza pode aumentar a concentração e reduzir a ansiedade.

Em dias que estou ligado no 220v (quase todos os dias) adoro escutar aquelas playlists de som de chuva, que aliás, tem para todos os gostos de chuva, você já ouviu? Tem chuva na mata, chuva em teto de zinco, temporal, chuva com trovões, chuva no oceano, etc… Tem quem goste de dormir ao som de golfinhos e baleias, o que para mim não funciona – particularmente acho irritante.

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E quando o assunto é atividade física?

Eu não consigo malhar sem uma boa música eletrônica no meu ouvido. Ela magicamente transforma os 100kg do supino em bolachinhas recheadas.

O cérebro SÓ relaxa com música clássica? Não!

Essa ‘regra’ de ter que ouvir música ou sons da natureza relax para “baixar a bola” também não é regra. O cérebro de cada um responde de forma particular a diferentes estímulos. Se a criatura não gosta de música clássica ou de barulhinho de chuva, vai ter dificuldade para cair no sono ouvindo Mozart – e muito menos ouvindo a chuva. No entanto, se ama heavy metal, é capaz de relaxar ao som de Metallica, porque o gosto musical influencia a forma com que nosso cérebro processa a informação musical.

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Os efeitos da música sobre o cérebro são múltiplos e vão além do relaxamento na hora de dormir ou da concentração no momento do estudo, agindo nos centros de recompensa do nosso cérebro, a exemplo de outras atividades prazerosas, como praticar exercícios ou comer chocolate.

O poder da música para a saúde

Independentemente do gênero, a música induz a liberação de neurotransmissores do prazer, como a dopamina, e atua de forma benéfica, tanto na pressão sanguínea quanto nos batimentos cardíacos, provocando uma sensação de bem-estar podendo nos levar às lágrimas ou arrepios.

Quanto mais imerso você estiver na música, maiores as chances de sentir arrepios. A evocação de uma memória afetiva ou a paixão com seu artista favorito também funcionam como “gatilhos” para arrepios musicais, assim como quanto mais se conhece determinada canção, mais intensas serão suas sensações ao ouvi-la.

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Por isso, tem gente que canta com todo o ar de seus pulmões os refrões de suas músicas preferidas e quem não curte, que se arrepie de raiva.

Alguns estudos revelam que a música pode ser usada de maneira complementar no tratamento de condições como autismo, Parkinson e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Outros evidenciam seu poder analgésico em procedimentos cirúrgicos, como citei anteriormente.

Pesquisadores tentam decifrar por que pacientes em estágio avançado de Alzheimer são capazes de recordar músicas antigas – daquelas que ouviam quando crianças – e não conseguem se lembrar dos nomes dos próprios filhos.

Musicoterapia

E foi pensando no tratamento de diversas doenças físicas e mentais e aliviar dor e ansiedade surgiu a musicoterapia: uma técnica que pode melhorar o humor e a qualidade de vida de pacientes e, consequentemente, o processo de reabilitação. Esse tipo de terapia pode ajudar no enfrentamento do câncer, por exemplo, ao contribuir para o alívio da dor, da ansiedade e da fadiga.

Segundo o estudo “Music interventions for improving psychological and physical outcomes in cancer patients”, realizado pela Universidade de Drexel, nos Estados Unidos, a técnica pode ajudar na melhora do quadro clínico de pacientes, bem como na diminuição do número de medicamentos tomados e no tempo das internações.

Um outro estudo – intitulado “Music to reduce pain and distress in the pediatric emergency department: a randomized clinical trial” sobre a ligação entre música e estresse realizado pela Universidade de Alberta, no Canadá, descobriu que a música pode ajudar a acalmar as crianças internadas em alas de emergência.

As crianças que ouviram música relaxante enquanto recebiam um medicamento na veia relataram dor muito menor e algumas demonstraram significativamente menos sofrimento, em comparação com as que não ouviram música. Além disso, no grupo das que escutaram música, mais de dois terços dos profissionais de saúde relataram que as injeções eram muito fáceis de administrar.

Mas, a musicoterapia não é apenas tocar um som relaxante no consultório e voilà! Essa técnica exige um profissional responsável pelo uso da música, o musicoterapeuta que depois de avaliar as necessidades de cada paciente indica o melhor tratamento, que inclui criar, cantar e ouvir música e pode ser especialmente útil para aqueles que têm dificuldade para se expressar em palavras. Por isso, é bastante indicada para pessoas com distúrbios de comunicação e problemas neurológicos também.

O corpo humano é uma grande orquestra, no qual cada órgão e tecidos seriam um musicista, tocando seu instrumento no tom ideal para compor uma sinfonia do bem viver. No qual o maestro da sinfonia de bem viver somos nós mesmos.

A maneira como conduzimos a nossa vida, nossas escolhas, como nos alimentamos, como nos movimentamos, os conteúdos que consumimos, como nos cuidamos e com quem nos relacionamos é o que dá o tom influenciando a nossa saúde e a forma como conseguimos enxergar o mundo!

Enfim, espero que ao ler a minha coluna esteja ouvindo um boa música, mas caso não esteja, bora lá, ligue o som!