Melhora na digestão, prevenção de câncer e alívio de dores são alguns dos benefícios do gengibre, como aponta Jamar Tejada; veja como consumi-lo
Gostaria de escrever sobre um legume muito famoso, que enche de sabor nossos pratos e é repleto de benefícios para a nossa saúde. Estou falando do “Sr. Gengibre”!
Já começo o texto com essa estranha informação, o fato de ser um legume. Eu mesmo nunca tinha parado para pensar sobre isso (até porque tem preocupações maiores na vida para se perder tempo pensando se gengibre é fruta ou legume), mas mediante tanta “coisa boa” que ele oferece, acho que ele merece um pouco mais da nossa atenção, sim.
O gengibre é aquele tipo de legume que nos desperta a mesma emoção do coentro: ou se ama ou se odeia! Eu sou do time que ama os dois, mas só para ressaltar, o coentro é verdura, ok? Caso ainda não saiba, só por curiosidade, legume é a planta que pode ter seus frutos desenvolvidos na parte exterior da terra ou abaixo da terra com apenas uma parte da planta exposta, como suas folhas. “Tendeu?”
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O gengibre (Zingiber officinale) tem sua origem na ilha de Java, na Índia e na China, difundindo-se pelas regiões tropicais do mundo. Dizem que chegou ao Brasil devido às invasões holandesas que ocorreram no século XVII, mas há relatos que citam a presença desta planta no ano de 1587. Já na Europa, é conhecido há muito tempo, para onde foi levado por meio das Cruzadas. Em Portugal existe registro da sua presença desde o reinado de D. João III (1521-1557).
O gengibre possui poucas calorias (80 kcal a cada 100 gramas) e alguns minerais importantes, como magnésio e potássio. Há diversas tonalidades que variam do branco ao bege e pode ser encontrado fresco, em conserva, cristalizado, seco e em pó.
Incluí-lo no dia a dia significa aproveitar suas propriedades nutricionais e turbinar o organismo. Os chineses acreditam que o chá de gengibre fortalece os pulmões e os rins, resolve problemas de colunas e articulações, cólicas menstruais e, apesar das crenças populares, hoje os estudos comprovam os seus benefícios.
O gengibre é constituído por uma grande variedade de compostos bioativos. Entre estes compostos, os mais abundantes são os gingeróis, com destaque para o [6]-gingerol, que caracteriza a pungência do gengibre fresco, além de inúmeras aplicações farmacológicas que vêm sendo extensivamente estudadas nas mais variadas áreas, com o fim de elucidar seus mecanismos de ação frente aos múltiplos problemas de saúde.
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Seu consumo ajuda o pâncreas a funcionar melhor e gerar mais enzimas que vão favorecer a absorção de nutrientes, facilitando a digestão. O gengibre e seus constituintes também previnem ou “neutralizam” as úlceras gástricas, funcionando como protetor do estômago e acelerando o esvaziamento gástrico de pessoas que sofrem de indigestão crônica (dispepsia).
Uma pesquisa divulgada no European Journal of Gastroenterology & Hepatology mostrou que 24 pessoas saudáveis que consumiram 1g de gengibre em pó antes de uma refeição aceleraram em 50% o esvaziamento do estômago.
Os gingeróis possuem propriedades digestivas e ajudam no controle de diabetes tipo 2 por atuar na melhora da secreção de insulina e na redução da glicose no sangue. Um estudo publicado no Iranian Journal of Pharmaceutical Research analisou 41 participantes com o quadro. As cobaias que consumiram 2g de pó de gengibre por dia reduziram em 12% o nível de açúcar no sangue.
Devido a seu poder termogênico, o gengibre aumenta a temperatura do organismo, queimando mais calorias. Também auxilia na redução do apetite e absorção de gorduras, contribuindo para o emagrecimento. Estudos realizados pelo Columbia University (EUA) mostraram que o gengibre foi bastante eficiente no gasto de energia e aumento da saciedade em 10 homens com sobrepeso.
O gingerol, potente antioxidante, tem sido estudado no tratamento alternativo para vários tipos de câncer. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) testou o poder dessa substância no tratamento de câncer. O resultado foi positivo contra as células cancerígenas de mama e também de colón. Já uma pesquisa da Yonsei University College of Medicine (Coreia do Sul) também mostrou que o gingerol pode atuar contra o câncer de pâncreas.
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Em uma outra pesquisa realizada com 60 mulheres de meia-idade que consumiram gengibre, os pesquisadores comprovaram que houve uma melhora significativa na memória dessas pessoas. Há ainda diversos estudos realizados em animais que mostram que o gengibre atua contra o declínio cerebral decorrente da idade avançada.
O gingerol, substância presente no gengibre fresco, é responsável por diminuir o risco de infecções no organismo, pois ele comprovadamente diminui o crescimento de diferentes tipos de bactérias. Um estudo divulgado na revista científica Phytotherapy Research constatou que ele também combate bactérias orais relacionadas a doenças inflamatórias nas gengivas, como gengivite e periodontite. E por fim, o gengibre fresco também combate o vírus sincicial respiratório, uma das principais causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas.
O gengibre possui propriedades descongestionantes e contribui para limpar as vias respiratórias do muco, bastante frequentes em quadros de gripe, resfriado e até bronquite. Ele também combate à tosse, por possuir propriedades expectorantes e anti-inflamatórias, diminuindo assim o broncoespasmo quando ocorre a contração dos músculos dos brônquios que dificultam a respiração.
Num estudo em que foram avaliadas mais de 1400 pessoas, realizado pela University of Zurich, na Suíça, comprovou-se que o gengibre previne enjoo em viagens longas, demonstrando-se um excelente remédio para evitar o mal-estar. Ele também diminui náuseas e vômitos de pacientes com câncer que precisam realizar a quimioterapia ou após cirurgias. Também reduz as náuseas relacionadas à gravidez, como os enjoos matinais.
Uma pesquisa divulgada no Nutrition Journal mostrou uma revisão de 12 estudos que contaram com 1.278 mulheres grávidas e que ingeriram pequenas quantidades de gengibre. Como resultado, elas tiveram uma redução nos sintomas de náuseas. Mas, nesses casos, embora seja considerado seguro, o consumo de gengibre deve ter a orientação de um médico para evitar problemas durante a gestação.
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Pesquisadores do Georgia College and State University (EUA) mostraram em um estudo que consumir 2 gramas de gengibre por dia durante 11 dias reduz significativamente a dor muscular em pessoas que realizavam exercícios. Eles concluíram que o gengibre não tem um impacto imediato, mas é eficaz na redução da progressão diária desse tipo de dor. As análises mostraram que, se consumido diariamente, o gengibre pode reduzir as dores em até 25%.
Um estudo divulgado no Journal of Alternative and Complementary Medicine, em que 150 mulheres que ingeriram 1g de gengibre durante três dias do período menstrual, mostrou que suas propriedades anti-inflamatórias ajudam a diminuir de forma tão eficiente quanto medicamentos.
Um estudo realizado com 247 pessoas com osteoartrite no joelho e que experimentalmente tomaram extrato de gengibre constatou que as cobaias sentiram menos dor e necessitaram de menos medicação para controlar os desconfortos da doença devido seu efeito anti-inflamatório.
Um estudo divulgado em revista científica mostrou que o gengibre diminuiu os sintomas do Alzheimer em ratos. De acordo com pesquisadores, os antioxidantes e alguns compostos do gengibre inibem respostas inflamatórias que ocorrem no cérebro e podem causar a doença.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca perda de memória e outras funções cerebrais importantes, como fala e independência para realizar as atividades do dia a dia. Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para comprovar a eficiência do alimento nos seres humanos.
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Há diversas formas de incluir o gengibre na rotina. Veja alguns exemplos de como usufruí-los.
• Ingerir pequenos pedaços ajuda contra vômitos e náuseas;
• Decocção: preparar com uma colher de chá de gengibre triturada em uma xícara de chá de água. Você pode acrescentar limão, canela ou maçã. Deixe em repouso na água quente por pelo menos 20 minutos para liberação dos ativos na água. A recomendação é de até três xícaras de chá de gengibre por dia.
• Cataplasma: moído ou ralado, amassado em um pano. Deixar no local para reumatismos e traumatismos na coluna vertebral e articulações.
• Salada: acrescente uma colher de gengibre ralado na salada ou mesmo adicionado a pratos principais doces e salgados.
• Sucos: adicione o gengibre em pó ou mesmo pequenos pedaços misturando-o nos sucos.
• Com água: adicione pedaços de gengibre, de quatro a cinco rodelas ou duas colheres do gengibre ralado, em um litro de água. Deixe repousando pelo menos 30 minutos.
O gengibre é considerado um alimento bastante seguro e não faz mal para a maioria das pessoas. Um dos grandes trunfos é o fato de poder ser utilizado no primeiro trimestre da gravidez contra os efeitos do enjoo, embora não seja recomendado consumir mais de 4g de gengibre por dia ou 1g durante a gravidez, pois há riscos de aborto espontâneo e má-formação do bebê, mas isso, obviamente, é se houver exageros!
Como não há estudos que falem sobre a sua segurança durante o período de amamentação, é melhor que o gengibre seja evitado nesses casos.
Se consumido em excesso, causa refluxo estomacal, irritação na boca e diarreia. Por suas propriedades termogênicas, deve ser evitado por pessoas com hipertireoidismo, pois aumenta o risco de perda de massa muscular. Pessoas que recorrem a medicamentos anticoagulantes também devem evitá-lo, assim como hipertensos, uma vez que retarda a coagulação sanguínea, podendo causar sangramentos.
Como tudo na vida, consuma com moderação e boa saúde!
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