A atriz Isis Valverde, recentemente, contou ao programa ‘Sábia Ignorância’, do GNT, que passou pela depressão pós-parto. “Você olha para a criança e ela nem te olha. Ela chora, faz xixi, aí você pensa: ‘Amor da vida? Mas eu não conheço essa pessoa que está aqui. Essa criança, não sei quem é, ele nunca falou comigo, nunca teve um diálogo sobre o que ele sente'”, relatou.
E levou um tempo para que ela sentisse a primeira conexão com o filho Rael, mais especificamente, oito meses. “Fui à academia de manhã cedo […] Cheguei, subi a escada e nesse dia ele olhou para mim e riu. Ele me reconheceu! E foi ali a primeira conexão e tive a certeza de que era a melhor coisa do mundo”, relembrou.
O que é a depressão pós-parto?
A artista contou que chorava do nada e começou a perceber que havia algo errado, era a depressão pós-parto que, segundo o Ministério da Saúde, define-se pela profunda tristeza, desespero e falta de esperança. A psicóloga Patrícia Pontes adiciona que o amor tardio pelo filho também está associado à condição.
“É uma doença relativamente comum, que acomete entre 10% e 20% das mulheres. Boa parte dos casos tem início durante a gestação, mas pode ficar mais evidente nas primeiras seis semanas após o nascimento, podendo persistir por um ano ou mais”, esclarece.
Quais são as causas?
Os fatores que contribuem para a depressão pós-parto são variados, de acordo com a neuropsicóloga. “Eles incluem episódios anteriores de depressão, falta de planejamento ou não aceitação da gravidez, conflitos nos relacionamentos, experiências de violência obstétrica e perdas gestacionais anteriores, entre outros”, exemplifica.
Quais as possíveis consequências?
As dificuldades de interação entre mãe e bebê podem trazer algumas consequências para ambos. “A criança pode sentir com apenas alguns meses de vida. Ela percebe o distanciamento emocional e, com isso, seu desenvolvimento emocional e a formação de vínculos seguros – que são essenciais para o crescimento saudável – tendem a ser influenciados. Além disso, há a possibilidade de ela sentir insegurança nos cuidados recebidos e correr o risco do desmame precoce. Isso, por sua vez, aumenta a possibilidade de exacerbar os sintomas de depressão na mãe”, alerta.
A matriarca desenvolve a chance de ter “ansiedade, irritabilidade, perder a capacidade de sentir prazer, dormir mal, se sentir sempre cansada e desanimada, se sentir culpada, ter o apetite diminuído, não sentir vontade de ter relações sexuais e, inclusive, pensar em suicídio”, ressalta. Há a possibilidade de a interação entre os dois ficar afetada e, consequentemente, prejudicar a formação do vínculo afetivo e surgir inseguranças no cuidado com a criança.
O que fazer?
Primeiramente, a especialista chama a atenção para a importância da terapia: “É uma condição que requer acompanhamento imediato. O apoio de um profissional especializado em saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, é fundamental. A terapia é uma ferramenta poderosa no tratamento da depressão pós-parto e pode ajudar a mãe a identificar e modificar padrões de pensamento negativos, melhorando seu bem-estar emocional e fortalecendo o vínculo com o bebê”.
O segundo passo é pensar com quem você pode contar. “A família desempenha um papel crucial de rede de apoio. Por isso, deve estar atenta aos sinais e oferecer apoio prático, como cuidar do bebê para que a mãe possa descansar”, detalha. E, por fim, quebre tabus. “Reconhecer que o cuidado materno nem sempre é instintivo e naturalizar as dificuldades iniciais pode ajudar as mulheres a se acolherem e buscarem ajuda sem culpa”, conclui.