O que faz do tomate um aliado anticâncer? Conheça os poderes do licopeno
O efeito protetor da substância, que contribui para a coloração avermelhada do tomate e de outros vegetais, se destaca em um novo estudo

O efeito protetor da substância, que contribui para a coloração avermelhada do tomate e de outros vegetais, se destaca em um novo estudo
O licopeno está na mira da ciência há décadas por seus efeitos anticâncer e cardioprotetores. Além do tomate, ele aparece em frutas e vegetais como melancia, goiaba, pimenta, pitanga, mamão e pimentão. Primeiramente, em um estudo publicado em fevereiro no periódico ‘Frontiers in Nutrition‘, pesquisadores do Irã esmiuçaram centenas de outras pesquisas e concluíram que o consumo corriqueiro de licopeno, por meio do tomate e de seus derivados, está relacionado com a diminuição do risco de câncer. O artigo salienta tumores de mama e de próstata.
Outras pesquisas já mostraram que a substância ajuda a reduzir danos no DNA das células, devido à ação antioxidante. O mecanismo envolve a capacidade de neutralizar os radicais livres, moléculas desemparelhadas em orbitais que precisam de elétrons para se estabilizar, e que estão por trás de prejuízos celulares.
Isso não quer dizer, porém, que a substância sozinha é capaz de evitar a doença. “A redução do risco de câncer e outras doenças envolve todo o estilo de vida”, pontua o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein. Significa que de nada adianta ingerir licopeno e outros nutrientes benéficos se sua alimentação tem base em produtos cheios de gordura, açúcar e sódio, por exemplo; ou se você é sedentário, fuma, bebe e vive sob estresse.
Na visão de Cukier, outro fator que pode ter influenciado no resultado da pesquisa é que quem gosta de tomate tende a comer também outros vegetais, num contexto alimentar equilibrado. Mas isso não tira os méritos do fruto vermelho. “O tomate oferece diversos nutrientes e compostos protetores”, destaca o nutrólogo. Entre eles, vitaminas, sobretudo a C e o ácido fólico, além de minerais como o potássio e demais substâncias antioxidantes que agem em conjunto.
Em relação ao licopeno, o tomate se destaca entre as outras fontes. Isso porque, diferentemente da melancia e da pitanga, que costumam ser consumidas in natura, ele serve como matéria-prima para molhos que incrementam massas, pizzas e afins.
Ao contrário de muitos compostos, ao passar por cozimento, o licopeno é melhor aproveitado pelo organismo humano. Quando vai para a panela, ocorre a ruptura de estruturas que seguram a substância, que então é liberada. Além disso, o licopeno se dá bem em meios oleosos. Portanto, juntá-lo com azeite de oliva, por exemplo, favorece a chamada biodisponibilidade, garantindo a absorção no intestino.
Embora o licopeno seja festejado pela atuação anticâncer, outros trabalhos apontam seus efeitos também na proteção cardiovascular. O mesmo potencial antioxidante ajuda a resguardar a parede das artérias, o endotélio, reduzindo o risco de males como a aterosclerose.
O licopeno faz parte dos carotenoides, um grupo de pigmentos que conta com mais de 700 integrantes. Na natureza eles funcionam como uma espécie de escudo contra adversidades, que incluem mudanças bruscas de temperatura, escassez de nutrientes e de água.
Por essa razão, os carotenoides são classificados como metabólitos secundários, ou seja, eles são sintetizados pelos vegetais em resposta às condições de estresse. Ao colorir frutos e hortaliças, esses pigmentos também ajudam a despertar a atenção de pássaros e insetos, colaborando para a dispersão de sementes e a perpetuação das espécies.
No nosso corpo, oferecem diversos benefícios. A dica para garantir que não faltem é montar o prato o mais colorido possível. Confira outros integrantes famosos da família dos carotenoides e onde encontrá-los: