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Por que não devemos subestimar o terror noturno em crianças? Psiquiatra explica

O terror noturno, ao contrário do pesadelo, resulta em um desespero e agitação incomum na criança que pode durar de 5 a 30 minutos

Por que não devemos subestimar o terror noturno em crianças? Psiquiatra explica
Por que não devemos subestimar o terror noturno em crianças? Psiquiatra explica – Freepik

Imagine a seguinte cena: você está dormindo tranquilamente em sua cama e, de repente, no meio da madrugada, seu sono é interrompido pelo choro do seu filho. Este é um episódio normal, pois as crianças, principalmente as menores, costumam acordar à noite por motivos diversos. No entanto, se o choro demonstra desespero, agitação incomum e nem a sua presença acalma a criança, pode ser terror noturno. As informações são da Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, preceptora na residência da Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

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O distúrbio do sono, segundo estudos da USP, acomete 6% das crianças entre 3 e 10 anos. Normalmente, ocorre na fase de sono profundo. A criança fica num estado inconsciente, começa a se debater, chorar, gritar, e parece estar aterrorizada ou com dor. Simplesmente não escuta quem fala com ela, não percebe a presença de outras pessoas e não responde aos estímulos externos. Este episódio pode durar de 5 a 30 minutos. Quando a crise passa, ela volta a dormir, como se nada tivesse acontecido. No dia seguinte, não se lembra de absolutamente nada.

Relação do distúrbio com o ciclo do sono

O sono é dividido em 5 fases, sendo que as 4 primeiras, desde a sonolência até o sono profundo, são chamadas de sono NÃO-REM (de “Rapid Eye Movement” ou movimentos oculares rápidos). A quinta fase é chamada de sono REM, caracterizada pela intensa atividade cerebral, que dura cerca de 20 a 25% do total das 5 fases, e ocorre em intervalos de 60 a 90 minutos. O sono NÃO-REM e REM vão se alternando durante a noite.

Durante o sono NÃO-REM, o corpo libera uma grande quantidade de hormônio do crescimento, e há reposição de células danificadas e a cicatrização de ferimentos. É nessa fase que a pessoa pode falar dormindo, ter sonambulismo ou terror noturno. Na fase REM, os músculos relaxam ao máximo, mas o cérebro fica “agitado”, como se estivesse acordado. É neste período que a memória é gravada, que ocorrem os sonhos e também os pesadelos.

Terror noturno x pesadelo

A maioria dos pais confunde terror noturno com pesadelo. Qual a diferença? Os pesadelos ocorrem na chamada fase REM. São caracterizados por um sonho amedrontador, que faz a criança acordar assustada e, muitas vezes, querer dormir na cama dos pais. Em geral, a criança menor sabe o motivo que a acordou. Já as maiores, conseguem até contar como foi o pesadelo. Depois, se torna difícil pegar no sono novamente.

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A criança fica bastante ansiosa, tem medo de voltar a dormir e, no dia seguinte, ainda se lembra do episódio. Quando os pesadelos ocorrem com muita frequência, é possível que haja relação com algum estresse: briga na escola, briga entre os pais ou outro fator que esteja desencadeando esta angústia.

Como lidar com o terror noturno?

No caso do terror noturno, é mais complicado ajudar a criança, já que ela está em um estágio profundo de inconsciência, e não irá se lembrar do que aconteceu no dia seguinte. Sendo assim, como lidar com o problema? Durante a crise, nada do que você fizer vai adiantar, pois, como já dito, a criança não reage aos estímulos externos. A única coisa que é possível fazer é ficar por perto e evitar que ela se machuque, até que a crise termine.

O ideal é ter certeza de que a criança esteja dormindo o suficiente, pois o cansaço extremo é um dos grandes causadores do terror noturno. Coloque-a na cama (ou no berço) mais cedo ou a deixe dormir um pouco mais pela manhã. É fundamental determinar uma rotina diária na hora de dormir, e ajudar a criança a pegar no sono de forma tranquila, seja contando uma história leve, cantando uma canção de ninar ou fazendo um carinho até ela dormir.

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Outra opção, se ela ainda estiver tendo crises, é acordar levemente a criança após uma ou duas horas de sono, pouco antes do horário em que as crises costumam ocorrer, e tranquilizá-la com alguns dos recursos citados. Quando o terror noturno acontece esporadicamente, não oferece nenhum risco aos pequenos.

Porém, se for muito recorrente, é aconselhável conversar com um especialista, para que ele possa investigar as possíveis causas e definir o melhor tratamento. Em alguns casos, é preciso o uso de medicações. O importante é não ignorar o comportamento do seu filho, ficando atento aos sinais e saber diferenciar o terror noturno de um simples pesadelo.

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